No início deste ano, visitei o Museu Oscar Niemeyer (Curitiba - PR, Brasil). Tive de percorrer todas as suas instalações numa avaliação técnica para um guia turístico voltado a pessoas com deficiência.
Chegando ao famoso "olho", um anexo com arrojado desenho arquitetônico, tive de usar uma plataforma elevatória para vencer a escadaria que a ele dá acesso. A tal plataforma, acoplada à parede lateral da escadaria, certamente foi feita por empresa especializada e deve ter custado bem caro aos cofres públicos. Mesmo assim, ela rangia e tremia, parecia um teleférico de montanha...
Domingo passado, fui conhecer um protótipo de plataforma elevatória "feito em casa", por meu grande amigo Fabiano de Castro; um daqueles gênios dignos de figurar entre os inventores mais brilhantes. O testdrive foi surpreendente, tanto no desempenho do equipamento quanto na qualidade e no acabamento visual do produto. Fabiano soube, inclusive, incorporar novidades preciosas ao seu modelo, como escamoteios automatizados, amortecedores de arranque e chegada, parada de emergência etc. Tudo dentro das mais rígidas normas de segurança e acessibilidade.
O objetivo deste texto não é anunciar o equipamento de Fabiano, nem se trata de bajular sua genialidade. Em sua bem montada oficina particular, ele desenvolveu e construiu algo mais eficiente do que o similar disponível no mercado.
A ideia é mostrar o quanto a sociedade ainda relega a condição humana da deficiência a planos inferiores, a níveis de menos valia, quando se trata de produzir e viabilizar máquinas e acessórios para a área. Já notaram como as armas têm sido, ao longo da história, objeto dos maiores empenhos e avanços tecnológicos?... Isso só prova que a humanidade ainda não se respeita como tal, que a semelhança humana ainda não é paradigma diante do lucro e da exploração comerciais.
Fabiano busca, agora, a homologação de sua plataforma junto aos órgãos de fiscalização. Sem ela, não poderá instalar sua plataforma na instituição de ensino que a encomendou dele. Sem essa aprovação, também não poderá construir e / ou comercializar outras máquinas de ajudar gente a vencer obstáculos. Um paradoxo na trajetória de alguém disposto a emprestar sua competência e seu desprendimento à inclusão social através da acessibilidade.
Finalizando: governos, instituições e comunidades precisam ficar atentos a essas iniciativas, para que se acelere a conscientização produtiva do conceito ACESSÍVEL. E nós, os sequelados de pólio, limitados fisicamente que somos, temos de estar sempre prontos a aplaudir soluções que contribuam para a superação das inúmeras barreiras das cidades mal aparelhadas.
J. Olímpio
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