Toma posse, hoje em Curitiba, com o prestígio presencial do Presidente da República à cerimônia, o primeiro desembargador cego da história do Judiciário brasileiro. Escolhido numa lista tríplice pelo Pres. Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Tadeu Marques Fonseca tem 50 anos de idade e é um dos inúmeros sequelados de Paralisia Cerebral no País.
Ninguém pode negar a tremenda vitória pessoal do Dr. Ricardo Tadeu. Mas, essa nomeação transcende em significados para toda a comunidade pois, nomeando-o, o Presidente também presta um testemunho veemente contra o preconceito. O mesmo preconceito que ainda atrasa a inclusão de milhares de cidadãos potencialmente produtivos à vida comunitária, à educação e ao trabalho.
Não tem sido diferente com quem foi atingido pela Póliomielite, nas décadas de 1960 e 1970. Muitos de nós, num tempo em que a falta de atenção do Governo e das instituições ocasionava todo tipo de dificuldades ao nosso cotidiano, chegaram a desistir de projetos importantes para o progresso pessoal. Muitos optaram por um exílio voluntário, tornando-se "invisíveis" para o Estado e para a própria sociedade.
Por isso, a tomada de posse do Dr. Ricardo Tadeu reveste-se dessa aura de superação do ranço que - em todas as variações da deficiência humana - deve ser banido da convivência social. O aval das instituições democráticas, através dos Poderes Constitucionais, vem para consolidar a inserção na sociedade através do reconhecimento da competência e da eficiência dos homens e mulheres com algum tipo de limitação. Afinal, somos todos possuidores de características diferenciais, detalhes que - na diversidade das etnias e procedências - constroem a pluralidade social.
O Brasil caminha para o reconhecimento mais amplo dos direitos e do potencial de seus cidadãos com deficiência. Contudo, será na promoção das mais prosaicas oportunidades - de educação, de atendimento à saúde, de trabalho, de acesso à cultura e ao lazer - que veremos atingido o objetivo da causa inclusiva. Que o gesto do Presidente Lula, cuja conotação nada tem de demagógica, possa inspirar muitas outras instâncias e gerar inúmeras oportunidades para pessoas de valor; deficientes ou não. Pois, se a Justiça hoje também é "cega", a sociedade não pode continuar "surda" e "muda" frente à inclusão plena.
J. Olímpio
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Maravilhosaaaaaaaaaa notícia, tenho acompanhado o lindo trabalho realizado pelo Dr Tadeu dentro do Ministério Público, um exemplo de luta e dedicação!! Obrigada Olímpio pela notícia. Rosângela
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