sábado, 12 de setembro de 2009

Poderes

No universo da Internet, cresce o número de redes sociais e portais de convivência. Entre esses, o Twitter vem agregando num mesmo ambiente a famosos e anônimos. Por enquanto, acontece um insólito relacionamento entre ilustres desconhecidos e celebridades que, guardadas as proporções, trocam ideias sobre tudo e nada...

Nesse tubo de ensaio virtual, alguns relacionamentos acabam gerando polêmicas e conflitos, que escapam à moderação (inexistente) e terminam com a exclusão mútua de seguidos e seguidores.

Ontem (11/09/2009), lendo um twit de uma conhecida jornalista paulistana, deparei com um verdadeiro manifesto de preconceito para com a deficiência física humana, perpetrado contra a figura de Helen Keller; um ícone mundial de superação e vitória sobre a ignorância. O teor - irrepetível! - tinha conotação sexista, para variar...

Sacado de um site não menos infame, que a colunista apenas traduziu e publicou como sendo de sua autoria, o tal insulto post mortem parecia um grito de guerra a todos os "diferentes" do planeta. Justo no dia em que a TV Globo e a Folha de S. Paulo anunciaram (controvertidamente) a "normatização" do uso do Twitter por seus contratados.

Coincidentemente ou não, cinco minutos após a postagem da piadinha de horrível gosto, o twit infame foi retirado da web. Anulou-se a prova mas não o crime em si. Assim como eu, creio que muita gente copiou e reenviou aquela mensagem para inúmeras figuras estratégicas da sociedade. Aí é que entra o título desta postagem.

Temos a falsa impressão de um poder imenso, na Internet. Muitos se consideram intocáveis e - a exemplo da pobre colunista - superiores a todas as mazelas humanas, enquanto digitamos para o mundo. E mais: somos tentados a manipular o conhecimento, a desmanchar o já feito por outros mais capacitados, a abusar da honra e da memória dos desconhecidos pelas novas gerações. Afinal, quem seria Helen Keller para um adolescente de hoje?... Uma popstar?... Uma topmodel?... Uma celebridade da TV?...

Esse poder só se equilibra com doses paquidérmicas de socialização da cultura, com o uso das mesmas armas de difusão de ideias usadas pelos megagrupos, com a coerência e a certeza de que o espírito humano é resultado da estimulação e não do aviltamento.

J. Olímpio

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